NSP Negócios com o Japão
Como fazer negócios com o Japão
Iniciando Contatos Comerciais no Japão
Para qualquer exportador, um dos primeiros passos é realizar contatos com empresas comerciais, compradores em potencial, ou distribuidores de produtos. Com o grande número de empresas estrangeiras atuando e exportando para o Japão, os homens de negócios do Japão estão habituados a lidar com estrangeiros. Entretanto, o comportamento comercial é diferente em muitos aspectos, se comparados com as práticas ocidentais.
No Japão, um simples fax ou e-mail pode não proporcionar uma resposta do outro lado. Isso não significa necessariamente uma falta de interesse comercial. Há que considerar a falta de tempo da maioria dos funcionários, sobrecarregados de trabalho nas grandes corporações, mas as razões para a falta de resposta podem ser:
- Falta de conhecimento do idioma estrangeiro. O português é quase desconhecido no Japão, embora haja brasileiros trabalhando como decasséguis nas fábricas japonesas. Nos escritórios praticamente só trabalham japoneses. Mesmo o inglês, mais comumente usado em transações comerciais, pode não ser compreendido pelo japonês. O idioma é ensinado nas escolas em todos os níveis, e por isso, quase todos entendem alguma coisa, mas ainda são poucos os que dominam o inglês suficientemente para falar ao telefone ou responder uma carta. Nas grandes empresas como as trading companies existem funcionários capacitados para operar em vários idiomas, mas em pequenas e médias empresas industriais é preferível se dirigir em japonês.
- Seu produto pode ser desconhecido no Japão, mesmo que seja exportado para outros países.
- Sua correspondência não foi suficientemente direta na informação ou proposta. Antes de iniciar qualquer contato, as empresas do outro lado querem saber mais detalhes sobre sua empresa. Enviar catálogos e relatórios de sua empresa é um passo importante.
- O processo de tomada de decisão é complicado no Japão. Um subordinado pode não estar autorizado a responder automaticamente os e-mails ou cartas recebidas sem antes receber autorização de superiores. Por isso, a tomada de decisão é sempre demorada, tendo o exportador em potencial ter que enviar muitas informações, desnecessárias em outros países, para que todos os funcionários e diretores envolvidos na transação tenham certeza do que irão fazer. Por outro lado, ao se obter a aprovação da proposta, todos contribuirão para o sucesso do negócio, pois se considera que foi uma decisão da empresa toda.
- Os japoneses preferem sempre um contato pessoal. Muitas vezes, os detalhes dos negócios não são discutidos por telefone ou e-mail porque os japoneses consideram importante falar pessoalmente.
Todos esses costumes estão mudando com a globalização da economia, mas há que se lembrar dessas diferenças culturais para obter sucesso nos negócios com o Japão.
Iniciando os Contatos Pessoais no Japão
Será difícil para uma pessoa totalmente desconhecida se apresentar a um gerente ou diretor de uma empresa japonesa. Ligar para marcar uma entrevista através da secretária pode não funcionar e a tal reunião nunca ser agendada. Na prática, o ideal é sempre se dirigir através de algum conhecido seu, que conheça bem a pessoa a ser visitada. Pode ser representante de uma outra empresa que negocia com essa empresa. Se o apresentador for uma pessoa de bom relacionamento, o dirigente japonês poderá abrir portas para o seu negócio. Aqui, o que importa é que a confiança do apresentador está sendo transferida para você.
O apresentador poderá telefonar para o dirigente japonês falando de você e pedindo para que o atenda. O negócio poderá avançar mais rapidamente, se o próprio apresentador puder acompanhá-lo.
Isso nem sempre é fácil, mas lembre-se: qualquer apresentação é melhor que nada.
Se tratar-se de uma empresa que tem filial ou alguma empresa coligada no Brasil, é melhor conversar com essa empresa que está no Brasil e pedir para ser apresentando a alguém no Japão.
É sempre bom estudar um pouco sobre o Japão, para não cometer gafes em viagens de negócios.
Cartôes de visita em Japonês
Os japoneses apresentam cartões de visita em todas as ocasiões. Muitas vezes, numa visita a uma indústria, ao ser simplesmente apresentado no corredor rapidamente, os funcionários já entregam o cartão. E é importante entregar o cartão antes de receber.
Geralmente os cartões de visitas utilizados no Japão possuem duas faces. Numa delas está escrito em inglês e no outro em japonês. No caso da empresa estrangeira que não tem sede no Japão, o cartão poderá ser em inglês, mas o nome da pessoa e o cargo devem constar em japonês também. Isso facilita a leitura para aqueles que só costumam ler japonês.
O cartão utilizado no Brasil tem os mais variados formatos, mas os cartões do Japão são uniformes, têm o tamanho rigorosamente igual. Esse cuidado se explica porque o japonês considera ser uma questão de respeito ao próximo entregar seu cartão em conformidade com os outros. Certamente, a uniformização facilita na hora de guardar no porta-cartão.
Reverência
Há métodos corretos para se entregar o cartão de visitas, bem como a maneira correta de se curvar em reverência. Mesmo nas grandes lojas japonesas, as funcionárias se curvam para receber os clientes, mas todas se curvam da mesma maneira, que dá a impressão de serem todas robôs. Isso acontece porque as funcionárias recebem treinamento quando são contratadas, para tudo ficar uniforme, em harmonia.
Esses e outros aspectos são impossíveis de explicar num texto. O ideal é que a pessoa que vai viajar para o Japão a negócios se prepare com um curso de etiqueta japonesa. A nossa empresa poderá organizar tal curso ou enviar um especialista para dar aulas na sua empresa. Sem cometer gafes, a sua viagem será mais proveitosa e poderá resultar em sucesso.
A Tradução para o Japonês
O idioma japonês tem construção diferente dos idiomas ocidentais, e por isso, é difícil de ser traduzido. É necessário haver compreensão total do assunto tratado para poder ser traduzido.
A ordem da afirmativa ou negativa sempre está em ordem diferente da linguagem ocidental.
Para exemplificar:
“Não penso em ir ao Japão a negócio”
Essa frase traduzida para o japonês ficará:
“Nihon e shoubai de iku towa omotteinai”
Que está nessa ordem:
“Japão para negócio ir penso não”
Numa tradução ao pé da letra, o diálogo ficará parecendo a fala do personagem Yoda, de Star Wars.
Dessa forma, não existe tradução simultânea do japonês para o português. A não ser em palestras onde o palestrante entrega de antemão o texto a ser apresentado. Todo o resto tem que ser tradução consecutiva. O tradutor só poderá começar a traduzir quando o palestrante falar a última palavra da frase. A última palavra, como no exemplo acima, pode significar a negação da frase toda.
Essa versatilidade de moldar a frase no meio dela, possibilita aos humoristas japoneses criarem números utilizando essa “armadilha verbal”.